Editora: Intrínseca
Páginas: 238
Gênero: Assertividade (Psicologia), Ficção Inglesa,
Conduta – Ficção.
Sinopse:
Shelley e a mãe foram maltratadas a vida inteira. Elas
têm consciência disso, mas não sabem reagir — são como ratos, estão sempre
entocadas e coagidas. Shelley, vítima de um longo período de bullying que
culminou em um violento atentado, não frequenta a escola. Esteve perto da
morte, e as cicatrizes em seu rosto a lembram disso. Ainda se refazendo do
ataque e se recuperando do humilhante divórcio dos pais, ela e a mãe vivem
refugiadas em um chalé afastado da cidade. Confiantes de que o pesadelo acabou
elas enfim se sentem confortáveis, entre livros, instrumentos musicais e
canecas de chocolate quente junto à lareira. Mas, na noite em que Shelley
completa dezesseis anos, um estranho invade a tranquilidade das duas e um
sentimento é despertado na menina. Os acontecimentos que se seguem instauram o
caos em tudo o que pensam e sentem em relação a elas mesmas e ao mundo que
sempre as castigou. Até mesmo os ratos têm um limite.
Resenha:
“Procurávamos
uma casa que fosse antiga. Deveria ser silenciosa. Deveria oferecer
privacidade. Afinal, éramos ratos. Não procurávamos um lar. Procurávamos um
lugar onde pudéssemos nos esconder”.
O primeiro capítulo desse livro vai começar assim, com
um personagem narrador em 1ª pessoa, tendo como cenário essa casa afastada de
tudo e de todos. Pode-se perceber que o autor opta por frases curtas, de
período simples em que a palavra “procurávamos e deveria” aparece várias vezes.
Isso demarca a situação em que as personagens Shelley e a mãe se encontravam naquele
momento. Viviam como ratos, escondidas, nunca assertivas, nunca mal-educadas,
nunca dispostas ao confronto.
Depois de ter passado por um período de 8 meses
sofrendo bullying na escola e com o final do casamento de seus pais, Shelley e
sua mãe encontram essa casa afastada e passam a viver com conforto, num
ambiente afetuoso construído a partir de uma relação de cumplicidade e afeto
entre mãe e filha.
Shelley, nesse momento, tem dois tutores para lhe dar
aulas em casa. O simples fato de voltar à escola e lidar com toda aquela
situação referente ao bullying estava fora de cogitação. E assim, cada vez
mais, mãe e filha se afastavam gradativamente do mundo externo. A escolha do
substantivo comum “ratos”, escrito em minúscula, pelo autor, passa essa ideia
ao leitor de que elas eram animais indefesos, incapazes de reagir e ao mesmo
tempo de se integrar à vida em sociedade. Preenchem seu tempo ouvindo música
clássica, pintando, lendo Shakespeare (Macbeth), tocando flauta, cozinhando,
plantando rosas no jardim.
Elizabeth, uma advogada que obteve muito sucesso e que
optou por largar a profissão para cuidar da filha, depois do divórcio, vê-se
compelida a voltar ao mercado de trabalho, porém numa posição inferior. Num
escritório de advocacia, ela se torna a principal advogada, mas recebe menos
que as secretárias. Seu chefe tem hábitos abusivos, constrangedor e a humilha
frequentemente. Elizabeth, no entanto, nunca confronta, nunca reivindica um
tratamento mais respeitoso.
Vivendo nessa pequena redoma de vidro, as duas acabam
por se descobrir e reconhecendo que dentro
delas há um ser humano capaz de lutar pela própria sobrevivência custe o que
custar.
Bom, pessoal, esse foi o primeiro livro do Gordon
Reece que eu li. Inacreditavelmente, esse livro custa R$ 2, 60 no Submarino.
Não dá para entender como um livro com essa “pegada” pode ter um preço tão ínfimo.
A narrativa é de um thriller psicológico, com diálogos marcados por ironias
finas em que o autor ao mesmo tempo em que vai nos apresentando os fatos, convida o leitor à participar daquele processo de resolução de toda a
problemática apresentada.
A relação de vítima – agressor , gato – rato é o tema
central dessa estória. Podemos relacioná-lo ao livro Misery, de Stephen King.
Gordon Reece tem uma escrita impecável, bem
articulada, envolvente. Há muita força na maneira que ele escreve e é quase
impossível não pensar que esses acontecimentos relatados no livro, de certa
forma, pudessem ter acontecido realmente com ele.
Ratos é o seu livro de estreia, escrito em 2011.
Nascido no Reino Unido, Gordon Reece é formado em literatura inglesa no Keble.
A capa do livro é linda e a diagramação excelente. Por
ser um thriller psicológico cheio de suspense e bem escrito, a leitura é
acessível e rápida.
Fiquei muito feliz de ter lido esse livro, de não ter
olhado com um olhar discriminatório por conta do preço da obra. Recomendo para
todos os meus amigos sempre que posso. Comprei 3 exemplares para
presentear os meus alunos mais assíduos na leitura. Provavelmente farei um
trabalho de leitura no Ensino Médio com eles sobre esse livro.
Resumindo: Dez estrelinhas para Ratos!
Não deixem de ler! Façam um favor a vocês mesmos,
leiam Ratos.
Um beijo grande e até mais. J
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