Ficção angolana
Editora Foz
Páginas: 171
A história desse livro se passa durante o processo de
independência de Angola em 1975. Angola e Moçambique foram colonizadas pelos
portugueses e tiveram a sua independência nessa mesma época.
Bom, a personagem principal dessa história é a Ludo. Uma
portuguesa que vai morar em Angola a convite da irmã, que acabou de se casar
com um viúvo rico, morando os três num apartamento gigante e luxuoso.
Nesse interim, ocorre esse processo de revolução em
Luanda e, essa irmã e esse cunhado somem no mundo, deixando a Ludo sozinha
nesse apartamento enorme não sabendo exatamente o que fazer bem a respeito de
toda essa mudança e esse sumiço dos dois.
Até que um belo dia, dois homens invadem o apartamento
para roubar, enfim...e ela acaba matando um destes homens, enterrando o bandido
num jardim suspenso dentro do apartamento. (Não ficou muito claro para mim essa
questão de enterrar uma pessoa num jardim suspenso, mas enfim...)
Depois disso, Ludo encontra restos de materiais de
construção dentro desse apartamento e decide construir um muro na porta de
entrada do apartamento se isolando completamente do mundo lá fora e
permanecendo assim durante alguns anos. (Na verdade décadas. 30 anos!!!!!)
Ela tem um cachorro chamado Fantasma e uma plantação de
bananeiras nesse jardim suspenso. A vida dessa personagem se resume a cuidar
desse cachorro e comer somente o que ela planta nesse jardim. Por conta dessa
plantação de bananas, num determinado momento surge um macaco nesse apartamento
e a Ludo dá o nome de Che Guevara para ele.
Esse macaco Che Guevara é responsável pelo momento mais
triste do livro. (Esse livro é bem triste) A gente tem trechos do diário da
Ludovica, inclusive na introdução do livro, o autor disse que criou a história
desse livro a partir desses diários da Ludovico, que ele não explica muito bem
como chegou a esses diários, enfim... Tem umas passagens bem tristes desses
diários mas nada se compara a parte do macaco Che Guevara. (Quem já sabe o que
acontece com o macaco vai me dar razão)
Em resumo, Ludovica é uma mulher que vive sozinha com um
cachorro e um macaco dentro de um apartamento. Planta sua comida em um jardim
dentro desse apartamento e que escreve freneticamente tudo o que está sentindo
nesses diários. Acaba o papel e ela continua escrevendo nas paredes desse
apartamento.
Intertextualizando:
Esse livro do Agualusa dialoga muito com dois contos do
Cortázar que são “A Casa Tomada” e “Carta de uma Senhorita em Paris” (ou o
conto dos coelhinhos como ele é mais conhecido).
Para quem se interessar em ler esses contos, aqui no blog
eu já publiquei “A Casa Tomada”. Um dos contos mais incríveis que eu já li.
Depois deem uma procurada no arquivo do blog.
Bom, é isso pessoal. Não vou falar mais sobre o livro
Teoria Geral do Esquecimento para não dar spoiler.
Eu gostei muito desse livro, embora algumas coisas não
tenham ficado claras para mim. O Agualusa meio que se perdeu em algumas
explicações (coerência) num determinado momento da história. Ficaram faltando
algumas peças nesse quebra cabeça. Isso me irritou um pouco. Eu estou acostumada
a uma leitura pulp fiction à la Tarantino, mas ele não colou muito bem as
peças. Ficou uma costura meio estranha. Isso me irritou muito. Não gostei
também da explicação que ele deu para o motivo da Ludo procurar ser essa pessoa
fechada e reclusa. Foi bem fraco. Enfim... Vale a pena conhecer essa história e adentrar
um pouco nessa questão do processo de independência de Angola.
José Eduardo Agualusa juntamente com Mia Couto são os
escritores africanos mais influentes e reconhecidos na Literatura Africana de
Língua Portuguesa. Vale a pena conferir e prestigiar.
Fico por aqui. Até mais uma resenha.
Abraços J