CANAL LITERÁRIO

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terça-feira, 2 de setembro de 2014

TEORIA GERAL DO ESQUECIMENTO - JOSÉ EDUARDO AGUALUSA

                                                                                                                                     
                                                                                                                   Ficção angolana
                                                                                                                   Editora Foz
                                                                                                                   Páginas: 171

A história desse livro se passa durante o processo de independência de Angola em 1975. Angola e Moçambique foram colonizadas pelos portugueses e tiveram a sua independência nessa mesma época.
Bom, a personagem principal dessa história é a Ludo. Uma portuguesa que vai morar em Angola a convite da irmã, que acabou de se casar com um viúvo rico, morando os três num apartamento gigante e luxuoso.
Nesse interim, ocorre esse processo de revolução em Luanda e, essa irmã e esse cunhado somem no mundo, deixando a Ludo sozinha nesse apartamento enorme não sabendo exatamente o que fazer bem a respeito de toda essa mudança e esse sumiço dos dois.
Até que um belo dia, dois homens invadem o apartamento para roubar, enfim...e ela acaba matando um destes homens, enterrando o bandido num jardim suspenso dentro do apartamento. (Não ficou muito claro para mim essa questão de enterrar uma pessoa num jardim suspenso, mas enfim...)
Depois disso, Ludo encontra restos de materiais de construção dentro desse apartamento e decide construir um muro na porta de entrada do apartamento se isolando completamente do mundo lá fora e permanecendo assim durante alguns anos. (Na verdade décadas. 30 anos!!!!!)
Ela tem um cachorro chamado Fantasma e uma plantação de bananeiras nesse jardim suspenso. A vida dessa personagem se resume a cuidar desse cachorro e comer somente o que ela planta nesse jardim. Por conta dessa plantação de bananas, num determinado momento surge um macaco nesse apartamento e a Ludo dá o nome de Che Guevara para ele.
Esse macaco Che Guevara é responsável pelo momento mais triste do livro. (Esse livro é bem triste) A gente tem trechos do diário da Ludovica, inclusive na introdução do livro, o autor disse que criou a história desse livro a partir desses diários da Ludovico, que ele não explica muito bem como chegou a esses diários, enfim... Tem umas passagens bem tristes desses diários mas nada se compara a parte do macaco Che Guevara. (Quem já sabe o que acontece com o macaco vai me dar razão)
Em resumo, Ludovica é uma mulher que vive sozinha com um cachorro e um macaco dentro de um apartamento. Planta sua comida em um jardim dentro desse apartamento e que escreve freneticamente tudo o que está sentindo nesses diários. Acaba o papel e ela continua escrevendo nas paredes desse apartamento.
Intertextualizando:
Esse livro do Agualusa dialoga muito com dois contos do Cortázar que são “A Casa Tomada” e “Carta de uma Senhorita em Paris” (ou o conto dos coelhinhos como ele é mais conhecido).
Para quem se interessar em ler esses contos, aqui no blog eu já publiquei “A Casa Tomada”. Um dos contos mais incríveis que eu já li. Depois deem uma procurada no arquivo do blog.
Bom, é isso pessoal. Não vou falar mais sobre o livro Teoria Geral do Esquecimento para não dar spoiler.
Eu gostei muito desse livro, embora algumas coisas não tenham ficado claras para mim. O Agualusa meio que se perdeu em algumas explicações (coerência) num determinado momento da história. Ficaram faltando algumas peças nesse quebra cabeça. Isso me irritou um pouco. Eu estou acostumada a uma leitura pulp fiction à la Tarantino, mas ele não colou muito bem as peças. Ficou uma costura meio estranha. Isso me irritou muito. Não gostei também da explicação que ele deu para o motivo da Ludo procurar ser essa pessoa fechada e reclusa. Foi bem fraco. Enfim...  Vale a pena conhecer essa história e adentrar um pouco nessa questão do processo de independência de Angola.
José Eduardo Agualusa juntamente com Mia Couto são os escritores africanos mais influentes e reconhecidos na Literatura Africana de Língua Portuguesa. Vale a pena conferir e prestigiar.
Fico por aqui. Até mais uma resenha.

Abraços J