CANAL LITERÁRIO

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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

AURA - CARLOS FUENTES

GÊNERO: FANTÁSTICO
LITERATURA MEXICANA
EDITORA: LPM

O livro nos conta como um jovem professor de história é atraído para a vaga de um emprego bem remunerado. O protagonista se chama Felipe Montero, e sua função é de organizar e reescrever as memórias do coronel francês morto na guerra do México.
Consuelo, a viúva do coronel, e Aura, sua sobrinha, vivem em uma casa antiga e assustadora. É nesse cenário que fatos estranhos irão acontecer ao longo da narrativa.
Consuelo é uma senhora de bastante idade e tem hábitos um tanto quanto bizarros. Passa a maior parte do tempo deitada em sua cama em companhia de um coelho. Ela quem contratou o jovem Montero para organizar as memórias de seu falecido marido. Em contrapartida, Aura é uma jovem sedutora de imponentes olhos verdes e de gestos silenciosos. A jovem é responsável por cuidar de sua velha tia.
Felipe fica impressionado com a beleza da sobrinha e se apaixona por ela. No entanto, começam a suceder coisas estranhas nessa casa escura e desgastada.
Nesse momento, Felipe inicia um romance com Aura entre a realidade e a fantasia. Convencido de que a anciã parece dominar a sobrinha, o protagonista deseja tirar Aura daquela casa o quanto antes, porém, ele percebe que ambas atuam da mesma forma e Felipe passa a perder o sentido da realidade entre os sonhos e a vida diurna.


Aura foi o primeiro livro de Carlos Fuentes que eu li e confesso que foi um presente ter podido conhecer a literatura desse grande escritor.
A grande surpresa é o narrador “Lês esse anúncio: uma oferta dessa natureza não se faz todos os dias. Parece dirigido a ti, a ninguém mais.” que se dirige ao personagem central, Felipe Montero, quase como se a comandar suas ações. Essa perspectiva narrativa, que estabelece uma cumplicidade e, às vezes, uma imputação quase condenatória entre narrador e personagem foi de uma genialidade e descoberta literária muito significativa para mim. Principalmente porque Montero não era a personagem central. Fiquei imediatamente cativa das nuances estéticas e formais desse texto.  É inegável a ressonância de Edgar Allan Poe na escrita de Carlos Fuentes. Sua escrita e a trama conduzem o leitor à hesitação, será sonho, ou será real? Traço fundamental para a consolidação da literatura fantástica. Amei o livro e recomendo.