CANAL LITERÁRIO

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terça-feira, 18 de novembro de 2014

O HOMEM DUPLICADO - JOSÉ SARAMAGO

                           O HOMEM DUPLICADO – JOSÉ SARAMAGO

Editora: Companhia das Letras  

Páginas: 318

Em homenagem a semana em que José Saramago completaria 92 anos, pretendo falar um pouco sobre O Homem Duplicado. Romance escrito em 2002 pela editora Caminho, em Portugal e, depois pela editora Companhia das Letras, no Brasil.
Os romances de José Saramago são sempre muito bem ordenados, é claro, mas o cuidado do escritor com a narrativa de O Homem Duplicado é prodigioso. Não é demasiado falar que cada lexia usada no texto foi selecionada a dedo. Não existe nenhuma informação supérflua – e, se você acha que alguma parte é somente para encher mais páginas, provavelmente você não entendeu nada do que se trata a história. Saramago tem por assinatura a questão da ordem e do caos. Vimos isso em Ensaio sobre a Cegueira e Ensaio sobre a Lucidez, em que o imperativo é saber lidar com esses conflitos extremos até chegar à essência da verdadeira condição humana.
Em o Homem Duplicado, Saramago nos convida a refletir sobre a possibilidade de saber o que você faria se descobrisse que tem um sósia, alguém que é a sua cópia fiel, o mesmo semblante, o mesmo corpo, o mesmo tom de voz? Na sua cidade residem cinco milhões de habitantes, admirável seria não haver duas iguais, embora, esclareça-se desde logo, esta história nada tenha a ver com experiências de clones humanos criados no laboratório de um cientista maluco. O que fará Tertuliano Máximo Afonso, o sossegado professor de história que, numa noite tumultuosa, se vê reproduzindo, como em um espelho, no ator  de um filme? Seu interlocutor privilegiado (narrador), não à toa chamado Senso Comum, aconselha-o a não ir em busca da cópia de si mesmo. Mas nem todos primam pela sensatez, por isso o mundo está do jeito que está. Tertuliano vai em busca desse outro (eu) e sua vida começa a desabar.
A essa conclusão chegará o leitor que acompanhar o extraordinário caso de Tertuliano, o homem duplicado. Pois as singularidades são irredutíveis, e quando um rouba a individualidade do outro, ainda que simbolicamente, ambos perdem a identidade, sem a qual ninguém vive.  Um dos dois está sobrando. O que está em jogo é a perda da identidade numa sociedade que cultiva a individualidade e, paradoxalmente, constitui padrões estreitos de conduta e de aparência. Em 'O homem duplicado', José Saramago constrói uma ficção amparada numa questão extremamente inquietante - a perda do eu no mundo globalizado.

Eu sou fã desse autor, considero Saramago um dos maiores nomes da literatura contemporânea. Dentre as obras do escritor que eu mais gosto estão: A Caverna, As Intermitências da Morte e Memorial do Convento. Pretendo resenha-las em breve, aqui no canal.
Se você gosta dessa temática, a questão da ordem e do caos e a instigante oportunidade de refletir a respeito de questões simples, porém inusitadas, Saramago é o escritor ideal para você. Vale a pena conferir a sua obra. Quanto a adaptação fílmica de O Homem Duplicado nada posso dizer a respeito. Pretendo assistir o mais rápido possível e, se for o caso, posto as considerações aqui.
Um abraço e até mais J

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