CANAL LITERÁRIO

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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Resenha - A Norma Oculta - Bagno

PARA QUEM VALEM AS REGRAS?

O livro A norma oculta: língua & poder na sociedade brasileira (Parábola Editorial, 2003, 200p.), do linguista Marcos Bagno, está organizado da seguinte maneira: um prólogo, três capítulos e um epílogo.
O prólogo, intitulado Mídia, Preconceito e Revolução, chama atenção para o fato de alguns jornalistas terem criticado a forma de falar do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, simplesmente por ele não usar a norma padrão imposta pela gramática normativa.
Em nossa sociedade o uso da gramática normativa é posto como uma regra que jamais pode ser quebrada e quem se comunica através de formas estigmatizadas não está apto a ocupar cargos importantes.
Bagno afirma que o preconceito é muito mais um preconceito de ordem social, já que a língua é parte constitutiva da identidade do indivíduo.
Na primeira parte do livro _ Por que norma¿ Por que Culta¿ Bagno critica as gramáticas. Segundo ele, estão descontextualizadas, pois optam pela literatura como modelo de língua culta e discriminando as outras variedades linguísticas do povo brasileiro.
Na segunda parte do livro – Um pouco de história: o fantasma colonial e a mudança linguística, Bagno mostra, através da história, a origem das discrepâncias entre a norma padrão e o português brasileiro efetivamente usado no dia a dia, além disso, aborda outras questões, como a baixa autoestima linguística e o papel político dos linguistas diante do quadro atual.
Na terceira parte do livro – Por uma gramática do português brasileiro, o objetivo principal do autor é reforçar a ideia de que as gramáticas existentes não são ideais. Bagno avalia que seria necessário uma reformulação na gramática existente, ou seja, que se produzisse uma gramática realmente brasileira, preparada por pesquisadores comprometidos com a realidade linguística do Brasil.
No epílogo – Norma (o)culta, a gramática não-escrita, o autor faz uma breve retomada sobre a ideia principal do livro e justifica o jogo ideológico que está por trás da escolha do título do livro. Reforça que existe um conjunto de regras linguísticas apoiada no mito de que o conhecimento da norma culta é garantia suficiente para a inserção do indivíduo na categoria dos que sabem falar e, por isso, têm direito à palavra.
Conclusão

A partir da leitura de Bagno a concepção do que é certo e o que é errado faz parte de uma linha muito tênue na significação da própria palavra erro. Afinal, acreditar que falamos errado é crer que somos todos errados. É desconsiderar as características de um povo, é desmerecer sua história. 

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